A poesia perdeu Valdir Teles | Faleceu na Serrinha, de um infarto. O maior cantador da profissão.

A imagem pode conter: Valdir Teles, violão, chapéu, barba e área interna
(O Blog fez uma sessão de fotos de Valdir Teles, no inicio de Janeiro, o poeta pretendia lançar uma coletânea )

Luto no a poesia popular do Nordeste. Morreu a pouco de infarto fulminante o poeta cantador Valdir Teles, aos 64 anos . Ele estava em casa, em Tuparetama, recluso por ser do grupo de risco para casos de coronavirus. Pouco antes, ele havia passado dez dias realizando cantorias pelo Nordeste.

Por conta das restrições em virtude da propagação do coronavirus,  não há detalhes nem se sabe como será velório e sepultamento.

Valdir Teles era poeta repentista dos mais consagrados da poesia popular nordestina. Nasceu em Livramento, Cariri paraibano mas foi levado ainda recém nascido para São José do Egito, Sertão do Pajeú pernambucano, onde recebeu forte influência da cultura local e teve o primeiro contato com a cantoria de viola.

Ficou órfão de pai aos 11 anos e como filho mais velho, desde cedo assumiu a responsabilidade de sustentar a mãe e os 4 irmãos, trabalhando como agricultor até os 19 anos, quando resolveu sair do sertão pra tentar a profissão de “operário de firma” na Bahia, chegando ainda a trabalhar em Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso e fazendo bico como retratista nas horas vagas, durante o período que morou na Bahia. Anos mais tarde, o poeta traduziu em versos parte da infância.

Pai vinha de São José

Com uma bolsa na mão

Minha mãe abria a bolsa

Me dava a banda de um pão

Porque se desse o pão todo

Faltava pro meu irmão

Em 1979 regressou ao sertão pernambucano quando em uma cantoria da dupla Sebastião da Silva e Moacir Laurentino no Sítio Grossos em São José do Egito,  foi apresentado aos poetas pelo Mestre das Artes e Poeta Zé de Cazuza, onde teve a oportunidade de mostrar seus dotes poéticos sendo de imediato convidado para apresentar um programa de viola numa rádio da cidade de Patos.

A partir de 1979, quando fixa residência em Patos, inicia a trajetória poética que já se anunciava de grande dimensão para a cultura popular nordestina. Os anos vindouros marcaram a gravação do seu primeiro LP com o poeta Lúcio da Silva pela gravadora Chantecler, a popularização dos maiores programas do gênero, em emissoras como a Rádio Panati e a Rádio Espinharas de Patos, a participação nos grandes eventos da cantoria e o destaque nos congressos e festivais. Também participou de programas na Rádio Pajeú.

Em 1993 Valdir Teles mudou-se para Tuparetama, cidade vizinha a São José do Egito e também situada no Alto Pajeú.

Com admirável acesso no meio artístico, Valdir teve em seu rol de admiradores e parceiros  artistas como Maciel Melo, Alcymar Monteiro, Chiquinho de Belém, Santana, Flávio José, Flávio Leandro, Galego Aboiador, Nico Batista, Amazam, Bia Marinho, Val Patriota e Raimundo Fagner.

“Acaba de falecer nosso grande poeta Valdir Teles. O Pajeú ficou mais pobre e o repente está de luto”, disse o padre Luiz Marques Ferreira. Atualmente Valdir Teles tinha um programa diário na Gazeta FM de SJEgito,  de segunda à sexta das 7:30 às 8 da manhã com o poeta Lázaro Pessoa.