No Dia Mundial da Alimentação, 50 milhões de pessoas passam fome no Brasil

No Dia Mundial da Alimentação, 50 milhões de pessoas passam fome no Brasil

Cena um. Rosângela Sibele, 41 anos, presa por furtar dois pacotes de miojo, uma Coca-Cola de 600ml e um pacote de suco em pó, em São Paulo. A mulher está desempregada e estava com muita fome e tinha que alimentar os cinco filhos. Cena dois. Pessoas famintas fazem fila para pegar ossos e pelancas de animais abatidos em frigoríficos e açougues começam a vender esses rejeitos para os que nada têm para comer. Cena três. O ministro da Economia Paulo Guedes, o “Paulo Papers“, possui contas em paraíso fiscal –as offshores– que lhe deram rendimento médio diário de R$ 14 mil em cada um dos mil dias do governo Bolsonaro. Ele não podia fazer esse tipo de especulação no exterior porque a lei proíbe autoridades monetárias de trabalharem informações privilegiadas. Cena quatro. O Brasil, celeiro do mundo, deixa mais de 50 milhões de pessoas passarem fome. Cena cinco. Enquanto você lê esse texto, cerca de 19 milhões de brasileiros não sabem se irão jantar hoje.

É nesse contexto que se comemora [?] o Dia Mundial da Alimentação.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder nas pesquisas de intenção de voto, elencou o que os governos do PT já fizeram para amenizar a fome no país entre 2003 e 2016:

1. Criação do Fome Zero
2. Criação do Bolsa Família
3. Criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do Ministério da Pesca
4. Programa 1 milhão de cisternas
5. Programa de Aquisição de Alimentos
6. Programa Nacional de Alimentação Escola

“Os governos petistas mostraram que basta vontade política para mudar a realidade de milhões de brasileiros. Ninguém deve dormir com fome ou recorrer a ossos ou restos de comida para sobreviver. Ainda que o governo Bolsonaro tenha roubado a dignidade do brasileiro, é possível sonhar novamente com um Brasil que vive de barriga cheia”, diz um texto publicado no portal do Instituto Lula.

Segundo o PT, em contraposição aos retrocessos atuais, as políticas implementadas por Lula e aprimoradas pela presidenta Dilma Rousseff fizeram com que, em 2014, o Brasil saísse do Mapa da Fome da ONU, uma conquista histórica.

O relatório The State of food Insecurity in the World 2014, publicação anual da FAO, assinalou que o Brasil alcançou o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir pela metade a proporção de pessoas que passavam fome, e que também atingiu a meta estabelecida pela Cúpula Mundial de Alimentação de diminuir pela metade o número absoluto de famintos.

Algumas conquistas importantes trazidas pelo documento foram, de acordo com o PT:

  • Entre 2000 e 2006, a taxa de subnutrição no Brasil caiu de 10,7% para menos de 5%
  • Entre 2001 a 2012, a pobreza total caiu de 24% para 8%, da população
  • Entre 2001 e 2012, a pobreza extrema caiu de 14% para 3,5%
  • A insegurança alimentar foi reduzida em 25% no período de 2004 a 2009, sendo que essa redução se deu majoritariamente entre as pessoas que viviam na pobreza extrema

Note o leitor que, em cinco anos, após o golpe de 2016, o Brasil degringolou e retornou ao Mapa da Fome. A insegurança alimentar voltou assombrar os brasileiros ainda no governo golpista de Michel Temer (MDB), no entanto, foi na gestão de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes que o número de famintos ganhou dramaticidade e urgência internacional.