Coluna Fogo Cruzado – 16 de julho de 2019
Desde o falecimento de Eduardo Campos em 2014, consolidou-se no Brasil a impressão de que o PSB é um “partido pernambucano”. Não só pela passagem de Arraes e do seu neto pela presidência nacional, bem como pela presença de um grande número de pernambucanos em seus cargos dirigentes. Isto é verdade, em parte. Pois o atual presidente Carlos Siqueira também é pernambucano e, o governador Paulo Câmara, um de seus vice-presidentes. Além disso, a maior bancada de parlamentares de um mesmo estado é a de Pernambuco, que elegeu cinco deputados federais e 13 estaduais em 2018, sendo que dois anos antes já tinha elegido 70 prefeitos, alguns de cidades importantes como Recife, Cabo, Paulista, Vitória, Surubim, Limoeiro, Bezerros, Arcoverde e Petrolina. Agora, diante do que for decidido pelo Conselho de Ética, que instalou ontem processo disciplinar contra os 11 deputados federais que deram “sim” à reforma previdenciária, entre eles Felipe Carreras, saberemos se o partido é ou não “pernambucano”. Se for, impedirá a expulsão de Carreras por infração partidária (o PSB fechou questão contra a reforma). Mas, mesmo que não seja, Pernambuco tem força suficiente na direção nacional para evitar o expurgo de um de seus mais atuantes parlamentares.
Pedido de informações
Alberto Feitosa (SD) fez um pedido de informações à Seplag sobre a situação do FEM (Fundo de Apoio dos Municípios): morreu ou continua vivo? Já que o Governo nega a morte, o deputado quer saber como estão os projetos, repasses, as prestações de contas, etc. Porque simplesmente dizer que o projeto “não morreu”, apesar de todas as evidências, não é resposta.
Bagagem e destino
Fernando Bezerra Coelho (MDB) disse ontem a este Jornal que 16 anos de hegemonia do PSB em PE está de bom tamanho, e que as oposições devem se unir em 2002 para tentar a reconquista do governo. O senador seria um bom candidato. Tem experiência, currículo e vontade. Mas falta ainda combinar com o “destino”, dado que, na política, é um componente importante.
De alma leve
Augusto Coutinho (SD), André de Paula (PSD), Raul Henry (MDB), Daniel Coelho (CID) e Felipe Carreras (PSB) nunca foram tão cumprimentados em Pernambuco como agora por terem votado a favor da reforma previdenciária. Eles não tinham o condão de adivinhar que a maioria dos brasileiros se convenceria da importância dessa reforma, e por isso estão de alma leve.
Caciquismo superado
No Brasil, infelizmente, partidos políticos têm “proprietários” a ponto de impedir que eles se organizem em diretórios para não perder o seu controle. É o que ocorre com o PDT. O presidente Carlos Lupi tornou-se seu “dono” após a morte de Brizola e nunca mais largou o osso. Sua última estupidez foi a ameaça de expulsar Tábata Amaral (SP) pelo apoio à reforma da previdência.
Time no aquecimento
Arcoverde, porta de entrada do sertão pernambucano, começou a definir seus candidatos de 2020. A prefeita Madalena Brito (PSB) inclina-se a apoiar seu vice, Wellington Araújo. E o ex-deputado Zeca Cavalcanti (PTB) será o candidato das oposições. Se surgirem mais candidatos será surpresa, pois a eleição caminha para a polarização. Zeca foi prefeito entre 2005 e 2012.
A vitrine na vitrine
O Governo do Pará está inclinado a construir unidades do “Compaz” semelhantes às do Recife na capital, Belém, e em Ananindeua. O governador Hélder Barbalho (MDB) já entrou em contato com o PSB com esta finalidade. Já a paulistana Priscila Cruz, do movimento “Todos pela Educação”, faz mais propaganda dos Compaz do Recife que o prefeito Geraldo Júlio (PSB).
Vergonha cultural
Com magro apoio da Fundarpe, terá início dia 18 a 48ª Festa Universitária de São José do Egito. Para um evento como este, nascido em 1971 a fim de engajar os estudantes na luta contra a ditadura, oferece-se (vejam só!) Pedro Neto, Luan Douglas, Márcio Diniz e Victor Santos (uma VERGONHA!). Já para o Festival de Inverno de Garanhuns serão “mais de 500 atrações”, segundo a propaganda oficial.
por Magno Martins
Felipe pode prejudicar João
Embora o Conselho de Ética do PSB tenha aberto, ontem, processo de punição contra os 11 deputados que votaram a favor da reforma da Previdência, a tendência é que o castigo seja atenuado. Quem manda, hoje, no partido, é o núcleo pernambucano, liderado por Paulo Câmara e Geraldo Júlio, que já defenderam para Felipe Carreras tratamento diferenciado em relação aos demais rebeldes.
Por que tal distinção? Evitar a fuga de Carreras para outra legenda é manter intacta a pré-candidatura de João Campos à Prefeitura do Recife. Tão logo se confirmou o posicionamento firme do deputado no plenário da Câmara, lideranças de outros partidos passaram a assediá-lo.
A oposição não tem um nome em potencial para enfrentar João e por isso mesmo Carreras, se vier a tamanho impasse que o leve a ser afastado do PSB, se transforma, automaticamente, no adversário que o PSB não esperava na sucessão de Geraldo Júlio.
Só advertência – O presidente do Conselho de Ética, Alexandre Navarro, é pernambucano, cria do ex-governador Eduardo Campos. Mora em Brasília há muito tempo, trabalhou no Ministério da Ciência e, hoje, é fiel escudeiro do prefeito Geraldo Júlio. Seu parecer, portanto, não será pela expulsão dos 11 deputados, mas por uma simples advertência, ou seja, nem um cartão amarelo.
Pelo diretório – Os deputados objetos de processo no PSB têm até 10 dias para suas defesas junto ao Conselho de Ética. O parecer do presidente Alexandre Navarro vai à votação por um colegiado amplo, o diretório nacional, e não pela executiva nacional. Tem parlamentar afirmando que não aceitará nenhum tipo de punição, nem mesmo advertência. Problemão para o partido.
Injeção – Nos próximos dias, no embalo da aprovação da reforma da Previdência, o Governo deve anunciar uma série de medidas para injetar dinheiro da economia, como a liberação do FGTS e o programa de privatizações. Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estão decididos a aprovar projetos que beneficiem o Governo Federal com recursos de curto prazo.
Defesa – O deputado Alberto Feitosa, coordenador da Frente Parlamentar da Execução dos Orçamentos Federal e Estadual, tem sido um grande defensor das bandeiras municipalistas. Depois de cobrar ao Governo a liberação das emendas, defendeu, ontem, um cronograma para pagamento do FEM.
Fortalecido – Depois do estrondoso São João que promoveu em Gravatá, o prefeito Joaquim Neto (PSDB) virou um bicho papão para a oposição. Se já estava forte, passou a ser apontado como imbatível na disputa pela reeleição. Até agora, não surgiu na oposição um nome competitivo.
POPULISMO – Nem o secretário estadual de Meio Ambiente, Antônio Bertoti, nem mesmo administrador de Fernando de Noronha, Guilherme Rocha, meteram a colher na manifestação populista de Bolsonaro de acabar a taxa paga por turistas na ilha. O Governo emitiu uma nota dizendo que a taxa é federal.
Perguntar não ofende: E Carlos Bolsonaro vai ser indicado para qual Embaixada?